Manas, olha só, uma vagina não é somente um buraco que carregamos entre as pernas. Uma vagina é um símbolo: um símbolo de uma história milenar de uma classe de pessoas que, ao serem identificadas por nascer com uma vagina, aprendem desde cedo a odiá-la e a odiar a tudo que está relacionado à ela: a menstruação, a maternidade, a sexualidade, o prazer; aprendem a vê-la, a vagina e seus processos naturais, como imorais e sujos, a ver o próprio prazer e sexualidade como imoral, sujo, perverso, e a entender que nossa vagina e nossa sexualidade só podem existir e serem anunciadas se forem para servir aos homens - a classe de pessoas que portam o pênis - e que, caso contrário, deve ser escondida, silenciada, amaldiçoada, imoralizada. A vagina não é apenas uma fisiologia, um dado, um aspecto físico e formal, a vagina e a vulva são símbolos através dos quais somos classificadas pelo patriarcado como mulheres e ensinadas a nos odiar, a nós, a nossos corpos, ao nosso sexo e a nossa sexualidade e nossos processo naturais, a nos ver como inferiores e incapazes em relação aos homens, a naturalizar nossa inferiorização, nossa submissão e nossa objetificação ao mesmo tempo em que somos ensinadas sobre quem é superior, quem deve ser valorizado e o que devemos adorar e idolatrar: o pênis e os homens - aqueles que nos é ensinado que, justamente por não portarem vagina, mas pênis, são superiores e tem direitos sobre nós e nossos corpos.
Uma vagina é uma instituição, uma história, um símbolo, de classificação, redução, limitação, dominação e exploração histórica e milenar de uma classe de pessoas por outra, mas também da luta e da resistência histórica e milenar dessas pessoas em nome de sua dignidade e liberdade.
E nenhum procedimento cirúrgico é capaz de construir uma vagina. NENHUM. Um buraco artificialmente construído no meio das pernas NÃO é uma vagina.
Amem suas vaginas. Imponham suas vaginas! Ergam suas vaginas! Resistam!
Um blog para MULHERES: aquelas que pertencem à classe sexual de pessoas historicamente definidas, limitadas, classificadas e designadas como o gênero feminino pelo patriarcado para que possam ter sua subjetividade, seus corpos, sexo, sexualidade e capacidades reprodutivas dominadas, controladas e exploradas por ele para gerar riqueza para os homens.
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